sábado, 31 de dezembro de 2011

Have you seen this woman?



Dando uma olhada nos classificados de domingo, entre as ofertas de aumente sua renda em casa e chocotones trufados com 50% de desconto, encontrei um “procura-se” interessante. Em um espaço de uns 4 cm², havia um desses anúncios de relacionamento cujo conteúdo me chamou atenção. Não pela criatividade ─ o título “procuro noiva” e uma lista com o que o pretendente esperava e o que tinha a oferecer não tinha nada de inovador ─, mas pela reflexão que tive após lê-lo.
O homem era direto, assim como o classificado manda:

“Procuro noiva: mulher de 40 a 50 anos, com até 60kg e vida estabilizada. Calma, romântica, simpática, sonhadora, feliz, dona de casa, livre e desimpedida. Para relacionamento sério.”

Em seguida, ele acrescentava:

“Sou branco, grisalho, fumante, 1,68 e 70kg. Guto.”

E depois havia um número de celular.
Até agora não sei se “Guto” conseguiu a sua princesa encantada através do jornal, mas o seu anúncio me deu muito o que pensar. Quer dizer, não o culpo por tentar encontrar alguém legal para ele. No mínimo, ele deve ter sido muito corajoso para se expor em um veículo de comunicação como o jornal, arriscando-se a trotes e a julgamentos ─ inclusive, o meu próprio. Além disso, a sua pretensão por casamento é mais do que se pode dizer de muitos caras por aí.
Mas também não posso deixar de pensar no que o tal do Guto estava pensando quando escreveu esse anúncio. Afinal, uma mulher que não tenha mais de 50, sem filhos, com a vida totalmente estabilizada e desimpedida, que queira algo sério mas ao mesmo tempo seja “calma, romântica, simpática, sonhadora” e ainda uma dona de casa FELIZ? Mesmo eu, se chegasse aos 40 livre e desimpedida, não acho que diria as palavras dona de casa e feliz numa mesma frase. E, só para constar: e, ainda por cima, magra?

Senta lá, Guto.
Pelo menos o cara acima
foi sincero ↑
A caricatura de mulher perfeita que Guto traçou é algo que todos nós fazemos o tempo todo: idealizar alguém que seja perfeito, mas sem ao menos nos perguntar se o que estamos pedindo é possível ─ ou se temos algo de igual valor para trocar. Afinal, depois de várias linhas retratando a mulher ideal, Guto bem que poderia ter ao menos se proposto a parar de fumar (e, de preferência, parar mesmo). Então, além de ser perfeita, a mulher ainda tem que tolerar um cara que fuma? Ele também poderia falar suas qualidades ou se frequentava uma academia. Ou, com tantas exigências, ter uma conta bancária de 6 dígitos. Sei lá.
Talvez eu esteja realmente interpretando mal Guto e suas intenções casamentísticas, mas tantas exigências da parte dele me fazem pensar que a sua procura é impossível. Então, uma mulher sorridente de 48 anos, solteira e sem filhos, que ganha a vida revendendo Jequiti lê o anúncio, mas ela tem... sei lá, uns 120kg. Será que, se ela ligar e dizer que está interessada, Guto vai querer conhecê-la ao saber que ela é obesa? Ou então aquela mulher de meia-idade bonita, romântica, sonhadora e quer um relacionamento sério depois que o pai dos seus dois filhos foi embora ─ será que, se ela ligar pra ele, Guto vai querer se encontrar com ela e seus filhos?
Algo me diz que não.
Mas se essa santa dona de casa que Guto tanto procura existir de verdade, será que ele a merece?
A realidade é que as pessoas vêm em todos os tamanhos e com todos defeitos e qualidades que podemos imaginar. Escolher quem vamos amar apenas pelas características físicas e psicológicas que prezamos é uma coisa muito idiota de se fazer (incluo todos os programas de namoro fúteis aqui). Porém, mais idiota ainda talvez seja exigir tanto dos outros sem pensarmos o que nós mesmos somos. Deixando o narcisismo de lado: será que somos mesmo a matéria personificada e exata dos sonhos de alguém? Será que não temos defeitos?
Por isso, nesse ano de 2012, seria bom se deixássemos nossas vontades um pouco de lado e pensássemos no que realmente temos, no que precisamos, no que podemos oferecer e no que somos. E, ao invés de pedir mais dos outros, pedir mais de nós mesmos, conhecendo nossas qualidades, defeitos e perceber que ninguém de verdade é perfeito ─ então por que continuamos procurando a perfeição em anúncios de jornais?
Por que queremos tanto dos outros quando não nos esforçamos a oferecer o mesmo?
Não estou falando em se conformar com qualquer pessoa que apareça em seu caminho. Pelo contrário: se sabemos que algo não está legal em nossa vida, o melhor é darmos um chute no comodismo e ir em busca do que realmente nos faz feliz de verdade.
O que quero dizer é: você pode ter exatamente o que você quer?
A resposta pode te levar mais perto de sua felicidade... ou apenas de mais um anúncio no jornal.

Feliz 2012!

sábado, 24 de dezembro de 2011

The girl needs some monster in her man



"Riley: Não pense que não sei qual é a sua, Spike. Fique longe dela. Ou eu vou te matar de verdade da próxima vez.
Spike (rindo): Oh, cara. Você está realmente por baixo, não é?
Riley: O quê?
Spike: Olhe para você. Todo com medo que eu seja atraente para sua querida.
Riley: Porque você é.
Spike: Bem... sim. Mas esse não é o seu problema. Mesmo que eu não estivesse aqui, você nunca teria chance com ela.

(Riley empurra Spike na parede, empurrando exatamente onde a mão dele cobre o ferimento feito pela estaca de plástico de Riley)

Spike: Que inferno!
Riley: Acho que quase não te matei o suficiente.
Spike: Qual é. Você já não é assustador e sabe disso.
Riley: Cale a boca.
Spike: Você sabe disso. Caso contrário, não iria atrás de vampiras putinhas para te morderem. (silêncio) A garota precisa de um monstro dentro de seu homem... isso não é algo da sua natureza. Não importa quão baixo você tenta ir.
Riley: Você realmente acha que a conseguiu?
Spike: Não, não acho. Um cara tem que tentar, mesmo assim. Tem que fazer o que pode.
Riley: Se você a tocasse... sabe que eu te mataria de verdade.
Spike: Se eu não tivesse esse chip na minha cabeça, eu já teria te matado há muito tempo. O amor é grande, não?

(Spike joga a garrafa de bebida que estava entornando para Riley, que pega e tira a tampa. Ele senta em um sofá perto e toma um trago)

Spike: Às vezes eu te invejo tanto que me sufoca. E às vezes penso que tenho a melhor vantagem. Estar tão perto dela e não a ter. Estar sozinho, mesmo quando a abraça. Senti-la, senti-la por baixo de você. A sua volta. O cheiro... (pausa) Não, você tem a melhor parte.

(Riley olha para Spike, toma outro um trago)

Riley (amargo): Eu sou um cara de sorte. Sim. Eu sou o cara.

(Riley toma um outro gole. Eles continuam sentados juntos.)"

Buffy The Vampire Slayer, 5x10 - Into The Woods

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Guessings



Buffy: How do you always know exactly what I feel?
Spike: I’m lucky with guessing.
Buffy: You know it isn’t enough to me.
Spike: I just I just watch you, ok? Can be strange but I’m good at watching you and guessing what you feel.
Buffy: So am I foreseeable?
Spike: Are you kidding? Girl you’re like a big surprise box! When I’m with you never know if you gonna listen to me, kick my ass, or both!
Buffy: I'm listening you now.
Spike: Thank you Lord for it.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Believe me



"I'll tell you something, little bitch: have you ever thought how this situation is hard to me? No, you haven't because in your perfect world I'm only "Spike The Bad Monster Who Can't Bite Your Pretty Neck Because Has a Damn Chip in The Head"! But now I want you to listen me, you irritant and nasty Slayer: I'm just tired of thinking about you all the time for nothing! I'm tired of being so close to you and feel the blood running into your skin but not drinking you! I'm tired of hiding in the dark every time I come to your room only to see you asleep! I even dream about you ─ bloody hell! I haven't dreamed about somebody for the last 120 years!
And for your information, even after you've said I'm beneath you, I still want to comfort you, for the most strange it seems to me! And tonight I was really sure that I hated you with all my dead heart until seeing your face again and my heart stops!
So if you think it isn't love baby, believe me ─ I'm just dying to know what you think it is."

#

Buffy and Spike don't belong to me. They're all Joss Whedon stuff.

Fool for Love


Because maybe I'm only the one that is around when you're miserable...
But maybe I'm not only it.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Os Magos


A capa é sugestiva e seu resumo na contracapa esboça mais promessas do que iria cumprir – fortes comparações com Harry Potter, As Crônicas de Nárnia e O Mágico de Oz. Não se engane: tudo o que Lev Grossman, o autor de Os Magos, menos quer é isso.
Na história protagonizada por Quentin Coldwater, um garoto de 16 anos que muitos chamariam erroneamente de “Harry Potter do Brooklyn” (uma vez que não haveria diferenças maiores do que a de Harry com Coldwater), Grossman deixa bem claro que, diferente da história de J. K. Rowling, Quentin não é nem será um herói – quem se aventura a ler, percebe que, desde o início, esse personagem principal toma ares de coadjuvante durante toda a história, deixando-se passar pelos demais personagens. Grossman assim deixa bem claro tanto que está cansado de heróis perfeitos quanto que Quentin não é um deles: não tem grandes qualidades, ambições, nem habilidades que o destaque dos demais. E é com essas características que se iniciam as desventuras do jovem mago.
Quentin vive em seu mundo no Brooklyn como um estranho dentro dele, pensando estar no lugar errado e esperando que algo diferente aconteça, mas sem mover-se para mudar a realidade, se refugiando na leitura de vários livros sobre um mundo mágico chamado Fillory (que o autor retrata como As Crônicas de Nárnia). Não deixa de ser uma alfinetada inteligente de Grossman para todos aqueles que se sentem na mesma situação de monotonia do jovem e que preferem sonhar a agir.
Mas ao contrário do que se esperaria, quando Quentin descobre a magia e amigos que poderiam mudar sua vida, nem por isso a sensação de estar no lugar certo se concretiza para o garoto. Em um desassossego constante, Quentin parece solitário na maior parte do tempo, mesmo quando acompanhado daqueles que se importam com ele, procurando por um propósito maior e muitas vezes se afundando por ele, sem saber o que exatamente procura. Argumentando a favor de Quentin, em sua busca de um final feliz, ao contrário de muitos heróis, de fato, ele está mais sozinho. São as escolhas dele que o guiarão durante suas desventuras bem mais do que a sorte, azar ou destino. E isso não poderia ser fácil.
A história é inconstante, intercalando períodos cheios de informação e aventura com longas passagens de embriaguez (talvez venha daí a famosa "dose de uísque puro", que George R. R. Martin escreve na capa, pois Harry Potter para mim ainda é uma leitura superior) e conversas simplesmente jogadas fora. Mas se resolver ler o livro, saiba que O Mago não é uma história sobre a procura de Quentin a um lugar mágico chamado Fillory. Na verdade, é uma história sobre a procura da felicidade e a efemeridade dela. E de como nunca a colocamos onde estamos.
Boa leitura!

Os Magos, Lev Grossman
2009, Editora Amarilys
455 páginas
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