terça-feira, 15 de maio de 2012

It could be bunnies


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Você. Eu. Nós.



Eu odeio começar postagens com "eu", esse pronome que ora individualiza, ora nos torna escravos do narcisismo. Ele não se importa muito com os outros, o eu, ocupado se achando importante demais gritando por aí "EU SEI!", "EU GOSTO!", "EU SOU!", acreditando em negrito e maiúsculas que detém poderes sobre o céu e a terra, como muita gente por aí.
Romântico? Suas declarações correm soltas por aí. Egoísta, prepotente? Muitas vezes, quando se julga solitário em suas ações e opiniões. Corajoso? Dependendo do complemento, dá sua cara a tapa. Este é um pouco do perfil do eu.
Muitas pessoas tem medo do eu. Eu mesma já tive, principalmente quando acompanhado de alguns verbos transitivos (diretos) - "eu odeio você", "eu não gosto de você", "eu quero muito mesmo que você morra". Bah, bobagem. Nunca tenha medo do eu nesta forma, quando ele tenta bancar o bully de sua pequena oração - mesmo que ele venha oculto, nas mais complexas indiretas, o "eu" só está tentando se afirmar. Na verdade, as pessoas deviam ter pena do eu, sujeito subjetivo, subjetivo. Ele nunca poderá falar verdades absolutas, apenas teorias e suposições. E está sozinho nessa, morrendo de medo que descubramos que só ganha importância quando nós damos importância a ele. Pobre eu.
Depois disso, não posso dizer que não gosto dele, pelo menos um pouco. Às vezes o eu sabe ser simpático. Gosto do eu quando ele é humilde, falando baixinho coisas como "eu senti sua falta". Gosto do eu quando este não reclama falando sobre como se sente e usando milhares de pontos de exclamações. Gosto principalmente do eu que diz "eu não sei", sem sentir vergonha disso. Temos um pouquinho desse eu em cada um de nós.
Falando nisso, e nós? Não, não os desatem, por favor. O "nós" tenta apaziguar um pouco, dividindo contas e responsabilidades. O "nós" consegue deixar tudo mais divertido, mais igualitário, mais justo, mas isso não significa tampouco que esteja mais ou menos certo que o "eu" em suas afirmações. O "nós" pode até ser socialista, mas acuse-o de qualquer erro grave e verá como ele pode se transformar rapidinho em outros pronomes: "A culpa é dele(a)!" Ou até mesmo um "tu", dependendo do contexto, com direito a toda a sua graça e leve petulância em cada verbo terminado com "s", com seu estilo medieval: "És tu, ó, causador de tal desgraça!"

Okay, tenho que admitir que o que estou dizendo não são os pronomes, mas sim normalmente o que colocamos depois dele. Mas não são assim também as pessoas, que agem como agimos com elas? Tenho que admitir que o "eu" pode ter as mesmas qualidades e defeitos que o "você". Nunca poderíamos viver sem nenhum dos dois - ou sem ele, nós, vós, eles ou mesmo o maldito ela (ou elas)! Aliás, nunca conseguiríamos viver se não pudéssemos conjugar em todos os tempos e formas verbais, por exemplo, o verbo amar.

Mas no final preciso confessar que... ah, você é meu pronome preferido.
Afinal, você é que faz as coisas terem sentido nas músicas, nos livros, na vida. Você é que é o meu "ele" e que complementa meu "eu". Que me faz odiar "ela" (e "elas") e rir com "eles", mas não se importa em virar romanticamente "tu" quando te vais e depois retornas para mim, sempre completando meu "nós".

Você, pronome.
Definido.
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