quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Os Magos


A capa é sugestiva e seu resumo na contracapa esboça mais promessas do que iria cumprir – fortes comparações com Harry Potter, As Crônicas de Nárnia e O Mágico de Oz. Não se engane: tudo o que Lev Grossman, o autor de Os Magos, menos quer é isso.
Na história protagonizada por Quentin Coldwater, um garoto de 16 anos que muitos chamariam erroneamente de “Harry Potter do Brooklyn” (uma vez que não haveria diferenças maiores do que a de Harry com Coldwater), Grossman deixa bem claro que, diferente da história de J. K. Rowling, Quentin não é nem será um herói – quem se aventura a ler, percebe que, desde o início, esse personagem principal toma ares de coadjuvante durante toda a história, deixando-se passar pelos demais personagens. Grossman assim deixa bem claro tanto que está cansado de heróis perfeitos quanto que Quentin não é um deles: não tem grandes qualidades, ambições, nem habilidades que o destaque dos demais. E é com essas características que se iniciam as desventuras do jovem mago.
Quentin vive em seu mundo no Brooklyn como um estranho dentro dele, pensando estar no lugar errado e esperando que algo diferente aconteça, mas sem mover-se para mudar a realidade, se refugiando na leitura de vários livros sobre um mundo mágico chamado Fillory (que o autor retrata como As Crônicas de Nárnia). Não deixa de ser uma alfinetada inteligente de Grossman para todos aqueles que se sentem na mesma situação de monotonia do jovem e que preferem sonhar a agir.
Mas ao contrário do que se esperaria, quando Quentin descobre a magia e amigos que poderiam mudar sua vida, nem por isso a sensação de estar no lugar certo se concretiza para o garoto. Em um desassossego constante, Quentin parece solitário na maior parte do tempo, mesmo quando acompanhado daqueles que se importam com ele, procurando por um propósito maior e muitas vezes se afundando por ele, sem saber o que exatamente procura. Argumentando a favor de Quentin, em sua busca de um final feliz, ao contrário de muitos heróis, de fato, ele está mais sozinho. São as escolhas dele que o guiarão durante suas desventuras bem mais do que a sorte, azar ou destino. E isso não poderia ser fácil.
A história é inconstante, intercalando períodos cheios de informação e aventura com longas passagens de embriaguez (talvez venha daí a famosa "dose de uísque puro", que George R. R. Martin escreve na capa, pois Harry Potter para mim ainda é uma leitura superior) e conversas simplesmente jogadas fora. Mas se resolver ler o livro, saiba que O Mago não é uma história sobre a procura de Quentin a um lugar mágico chamado Fillory. Na verdade, é uma história sobre a procura da felicidade e a efemeridade dela. E de como nunca a colocamos onde estamos.
Boa leitura!

Os Magos, Lev Grossman
2009, Editora Amarilys
455 páginas

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